Psicóloga fala sobre a saúde mental dos profissionais que atuam na linha de frente da pandemia
Há pouco mais de um ano, a pandemia do Coronavírus não trouxe apenas a alta taxa de mortalidade da infecção viral, mas também a desordem psicológica. Indispensáveis, os profissionais da saúde estão entre os grupos […]
há 3 anos atrás

Há pouco mais de um ano, a pandemia do Coronavírus não trouxe apenas a alta taxa de mortalidade da infecção viral, mas também a desordem psicológica. Indispensáveis, os profissionais da saúde estão entre os grupos mais vulneráveis às consequências emocionais e psicológicas da pandemia. Com rotinas exaustivas, onde o foco é dar tudo de si para cuidar dos pacientes infectados, o amparo à saúde mental da linha de frente cabe também à coletividade, responsável por se informar, validar e respeitar quem cuida.
Conforme a psicóloga clínica Jéssica Cousseau , vários desafios têm interferido no bem-estar mental dos profissionais que estão lidando diretamente com pacientes Covid.
“Ao longo deste ano, podemos observar o esgotamento físico e mental destes profissionais da saúde. Muitos deles estão trabalhando com sintomas de ansiedade e depressão. Além de toda carga de trabalho intensa, a atualização de protocolos, a falta de equipamentos, a sensação de impotência ao testemunhar o número significativo de mortes pela covid-19, tudo isso, pode gerar reação aguda ao estresse e transtorno de esgotamento (burnout)”, explica.
Uma pesquisa da Fiocruz divulgada durante a última semana mostrou que os profissionais de saúde brasileiros precisam de ajuda. Quinze mil trabalhadores da saúde de nível superior, a maioria médicos e enfermeiros, responderam a um questionário, em 2.200 municípios brasileiros. Destes, 45,5% têm mais de um emprego e 43,2% sentem que falta proteção à própria saúde.
Entre os que se sentem desprotegidos, quase 40% citam falta de estrutura, caos no atendimento ou uma gestão insensível aos trabalhadores. Para uma fatia importante da nossa linha de frente, segundo a Fiocruz, está difícil dormir, o choro é frequente, e às vezes o estresse e pensamentos negativos ameaçam dominar.
Uma das orientação da Organização Mundial da Saúde à população geral é: “Homenageie e aprecie o trabalho dos cuidadores e dos agentes de saúde que estão apoiando os afetados pelo novo coronavírus em sua região. Reconheça o papel deles para salvar vidas e manter todos seguros.”
Desta forma, a psicóloga Jéssica reforça que o engajamento da população é chave para o bem-estar emocional e psicológico dos profissionais da saúde.
“Estamos num cenário muito delicado. Se não tivermos essa consciência que todos precisam se cuidar, acabamos enfraquecendo ainda mais esses soldados que já estão bem cansados e escassos. Precisamos compreender que a demanda está alta. O número de leitos pode estar sendo ampliado. No entanto, a quantidade de profissionais não aumentou na mesma medida. O que está ao nosso alcance neste momento é o cuidado. Quando estamos nos preservando, também estamos ajudando na saúde mental deles. E, além de tudo, isto acaba impactando no controle da pandemia. Não tem como pensar em enfrentar uma guerra dessas, sem eles ”, ressalta a psicóloga.
A rotina dos médicos, enfermeiros e trabalhadores da área varia bastante. Assim, a melhor forma de cuidado para cada um deles também será diferente. No entanto, a psicóloga destaca o projeto TelePSI, que que oferece psicoterapia online, de modo totalmente gratuito, disponibilizado para todo o país. A ideia é uma parceria entre Ministério da Saúde e Hospital de Clínicas de Porto Alegre, com o objetivo de dar assistência a profissionais da saúde do SUS com sofrimento emocional neste momento de pandemia. Para acessar o projeto, basta fazer o cadastro, no TelePSI.
Acompanhe a participação de Jéssica Cousseau clicando aqui.